Que Livros Crianças e Jovens Lerão na Escola Daqui a 5-10 Anos? E como pagaremos por isso?

A Educação é um tema de interesse de toda a população brasileira, em particular de sua parcela mais educada. Estudo recente da Lunica Consultoria (download desse estudo completo aqui), com apoio da Editora do Brasil, editora brasileira de Livros Didáticos com mais de 70 anos de história, revela que os conteúdos didáticos tradicionais estão fadados a se transformarem.

Pontos centrais desse estudo:

  • Escolas, Editoras de Livros Didáticos, Sistemas de Ensino e outros elos da Cadeia de Educação Básica no Brasil estão sob influência ativa de dois fatores capazes de gerar transformações significativas nos próximos 5 a 10 anos:
    1. As Tecnologias Digitais; e
    2. O interesse de Investidores Profissionais, que atuaram mais intensamente na Educação Superior nos últimos anos e podem migrar seus interesses para a Educação Básica nos próximos anos, segundo a visão de especialistas entrevistados no estudo.
  • Educação é tema no qual se toma pouco risco, tanto por parte de escolas, quanto por parte das famílias que as contratam. Apesar das famílias já terem transformado diversas de suas atividades cotidianas no sentido digital (compras, comunicação, entretenimento, …), quando o assunto é Educação, o apetite para mudanças é outro. Escolas, outros elos da cadeia e famílias são receosos quanto a experimentações mais radicais. Como consequência prática, ainda não se encontrou o modelo que integre práticas pedagógicas e tecnologias digitais.
  • As transformações nas escolas nesse sentido, no entanto, são inevitáveis no curto prazo: os conteúdos didáticos devem ser veiculados mais intensamente no meio digital, em especial, nas escolas privadas. Os fluxos de informação entre escolas, alunos, professores e famílias também devem migrar mais e mais intensamente para esse meio. Para o médio/longo prazo, no entanto, tais mudanças podem ser mais radicais, no sentido de haver práticas pedagógicas “born-digital” ou que dialoguem de forma mais natural com as tecnologias digitais. No entanto, é difícil prever em que horizonte temporal isso ocorrerá.
  • O segmento público (no qual estão inscritos 80-85% dos alunos brasileiros da Educação Básica) ainda precisa de amadurecimento em questões básicas para uma incorporação real de tecnologias digitais. Os pontos a se resolverem previamente estão ligados à infraestrutura das escolas, à formação dos professores e à lógica de compras governamentais. Este último tópico deve sofrer alterações relevantes nos próximos anos, em formato, na lógica quanto às tecnologias digitais e em conteúdo, de forma coordenada com mudanças pedagógicas e prioridades do currículo brasileiro.
  • Tecnologia e novas soluções não são os limitantes, no momento atual, para que mudanças mais intensas ocorram. Uma das sinalizações disso é o levantamento de muitas start-ups voltadas ao meio educacional (as edtechs) no Brasil e no mundo. Apenas no contexto brasileiro, o estudo levantou quase 70 start-ups, organizadas em 5 categorias (vide estudo). Movimentos internacionais de grandes plataformas (Facebook, Google, Apple, …), investimentos de grandes grupos de educação (Pearson, Wiley, …) e iniciativas inovadoras (como as plataformas de conteúdos Kindle Unlimited, Scribd, …) são também sinalizações de avanço para novas práticas.
  • As limitações atuais estão mais ligadas a modelos de negócio adequados e que lidem com as características da cadeia educacional, em especial na Educação Básica, e sua capacidade específica de tomar riscos, incluindo seus clientes (as famílias).
  • O modelo de receita nas escolas privadas (mensalidades + pagamentos de serviços adicionais) é consagrado, admitido pelos clientes e incentivado pelas escolas, que procuram manter-se como o concentrador dos pagamentos das famílias. Outros modelos, que desvinculem mais radicalmente as remunerações do serviço educacional em si (escolas) das remunerações de conteúdos didáticos (em formatos não tradicionais) e recursos de apoio, carecem ainda de condições ou sistemas de incentivo novos para emplacarem.